quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Encontro íntimo no mundo de Stephen

“Retornava a Mercedes e, enquanto meditava sobre sua imagem, uma inquietação estranha se insinuava furtivamente sangue a dentro. Às vezes uma agitação febril se acumulava em seu íntimo e o levava a perambular a noite sozinho pela avenida silenciosa. A paz dos jardins e as luzes generosas nas janelas derramavam uma força amena sobre seu coração inquieto. A algazarra das crianças brincando e suas vozes tolas faziam-no sentir, ainda mais intensamente do que sentia em Clongowes, que era diferente dos outros. Não queria brincar. Queria encontrar no mundo real a imagem quimérica que sua alma contemplava tão constantemente. Não sabia onde ou como a procurar; mas uma premonição que o fazia prosseguir dizia-lhe que está imagem iria encontrá-lo, sem nenhum ato premeditado de sua parte. Eles se encontrariam tranquilamente como se tivessem se conhecido e tivessem marcado um encontro, talvez em um dos portões ou em algum lugar mais secreto. Estariam sozinhos, cercados pela escuridão e pelo silêncio; e naquele momento de suprema ternura ele ficaria transfigurado. Ele se diluiria em algo impalpável sob os olhos dela e então num instante estaria transfigurado. Fraqueza e timidez e inexperiência o abandonariam naquele momento mágico.” Stephen Dedalus

Um retrato do artista quando jovem, James Joyce.


Scenic World, Beirut